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  • Ricardo Neves

Precisamos de bons encontros

Em julho de 2021, escrevi um artigo refletindo sobre saúde de forma ampla no contexto empresarial. Passaram-se mais de dois anos e a questão continua ganhando importância, merecendo uma nova reflexão.


Naquela época, aqueles que tinham a possibilidade de trabalhar remotamente por meio da tecnologia estavam se adaptando a uma realidade em que os limites entre vida profissional e pessoal se tornaram difusos. Aprendíamos a incluir crianças ou animais de estimação em reuniões e a pedir um tempo quando o entregador de comida batia à porta. É assustador pensar em como tudo isso aconteceu tão recentemente!


Apesar do fim do distanciamento social, da retomada das atividades e da reclassificação recente da OMS para a pandemia de Covid-19, parece que ainda não estamos lidando adequadamente com o estresse perigoso causado pela pandemia. Esse estresse continua presente ou até mesmo intensificado, especialmente para aqueles que ainda trabalham remotamente ou de forma híbrida, como é comum no setor de tecnologia.


Atualmente, lidero uma equipe de mais de cinco mil pessoas que trabalham em mais de 350 cidades do país. Cerca de 80% delas ainda trabalham remotamente. As vantagens dessa modalidade são conhecidas, como economia de tempo, convivência familiar, alimentação caseira e atividades físicas próximas. No entanto, também precisamos reconhecer as desvantagens do trabalho remoto e falar sobre isso sem tabus.


Infelizmente, nem sempre as relações familiares são saudáveis. Por vezes, o ambiente de trabalho é um refúgio necessário durante conflitos pessoais. Mudar de ambiente, conversar casualmente com conhecidos e desconhecidos, sair à rua e sentir o sol no rosto trazem vida e relaxamento. Ficar em casa por dias sem muito contato social ou sem respirar o ar da rua pode fazer muito mal. Claro, a rotina frenética pré-pandemia, com mais de 12 horas fora de casa, também não era saudável. No entanto, a falta constante de interação social ou mesmo de um abraço pode nos distanciar cada vez mais de nós mesmos.


O vírus nos alertou para os perigos do invisível. E é nele que se encontra, em minha opinião, a saúde mental. A saúde mental não depende apenas de um aspecto da vida, é uma questão multidisciplinar. Agora, entendo que a saúde mental está ligada a relacionamentos, questões físicas, emocionais e até mesmo materiais. Afinal, é raro encontrar alguém tranquilo quando está endividado. A pressão está presente em todos os lugares e o alívio requer ações em todas as direções.


Portanto, tenho enfatizado em reuniões que não podemos desperdiçar um bom encontro presencial. Olhar nos olhos das pessoas, dar abraços demorados, apertar as mãos, oferecer um sorriso acolhedor. Como um nordestino convicto, sei que não posso abrir mão do convívio social, pois isso alimenta minha alma de alguma forma. Recomendo o mesmo a todos.


A solidão pode diminuir a saúde mental e, devido ao preconceito que ainda existe em torno do assunto, aqueles que se sentem mal tendem a negar esses sentimentos a si mesmos e aos outros, o que os deixa ainda mais isolados.


Quando o sofrimento é silenciado, corremos o risco de enfrentar uma nova pandemia causada pelo invisível. Desta vez, não se trata mais de um vírus, mas sim das emoções invisíveis, do distanciamento e da falta de intimidade entre as pessoas. A frase de Esther Perrell, no SXSW, continua ecoando em minha mente: "a hiperconectividade tecnológica inibe a intimidade, mascarando a solidão humana que estamos vivenciando".


A você, que chegou até aqui, convido a buscar uma abordagem abrangente para sua saúde. Cuide do seu bem-estar físico, emocional, espiritual e financeiro. Todos esses aspectos exigem práticas diárias, pois como diz o ditado, "o hábito faz o monge". Se estiver enfrentando dificuldades além do razoável, não hesite em buscar ajuda e compartilhar suas emoções com pessoas em quem você confia.


Na NTT DATA, temos um programa no qual pessoas interessadas podem rapidamente agendar uma conversa de forma confidencial com especialistas. Uma simples conversa pode ser profundamente curativa. Se não cuidarmos agora, poderemos enfrentar uma nova pandemia. Merecemos mais do que isso.


Em resumo, não podemos negligenciar a importância dos encontros presenciais. Eles nos conectam de forma genuína, fortalecem nossas relações e alimentam nossa saúde. Portanto, abrace o convívio social, olhe nos olhos, sorria e valorize esses momentos. Lembre-se de que a saúde mental é uma jornada multidimensional, que requer atenção e cuidado constantes. E, acima de tudo, lembre-se de que merecemos uma vida plena e saudável.


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